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Cês sabiam que a atriz brasileira Eva Wilma fez teste com Alfred Hichcock? Soube agora há pouco numa entrevista dada por ela à emissora portuguesa SIC-Internacional.
O teste era para o filme "Topázio", mas infelizmente não foi escalada. Fui atrás de mais detalhes e descobri relato sobre o fato no livro de memórias da atriz “Eva Wilma – Vida e Arte”, de Edla van Steen (Coleção Aplauso, Imprensa Oficial, 2006). Clique para ler detalhes:
“Em Los Angeles,
visitamos estúdios de televisão e cinema. Almoçando um dia nos estúdios
da Universal Pictures, um agente apresentou-se a nós – já sabendo que
éramos atores brasileiros – e disse que Alfred Hitchcock procurava uma
atriz latino-americana para o papel de uma cubana no filme Topázio, que ele iria rodar. Concordei em fazer as fotos (que estão comigo) e fomos para Nova York, onde ficamos os últimos cinco dias.
(...)
O tal agente (nos telefonou), dizendo que Hitchcock e a Universal
gostaram das fotos e pediam currículo e material filmado. Em novembro, o
agente comunicava – por telefone e por escrito – que estavam mandando
passagem de primeira classe; oferecendo hospedagem idem para um teste.
(...)
Finalmente, o grande dia do teste chegou. Saí às seis horas da manhã,
como sempre. Umas três ou quatro horas depois, fui conduzida – de dente e
seios postiços, trêmula – ao estúdio. Cerca de uns 50 técnicos (a
maioria de cabelos bem branquinhos) já estavam a postos no cenário; com a
iluminação pronta. Ao lado, um trailer com o meu nome na porta. Alguns minutos depois, apareceu um dos assistentes: ‘Miss Eve, please’. Fui conduzida ao cenário. Logo todos se levantam e aplaudem: ele, Mr. Hitchcock, entrava no set.
Aproximou-se de mim, segurou minhas mãos geladas e perguntou se eu
estava nervosa. Disse que sim. Ele explicou que aquilo era uma
brincadeira. Que se alguém quisesse fazer algo sério, devia ir trabalhar
num hospital ou seguir carreira política; que teve de repetir a mesma
coisa para Grace Kelly, Ingrid Bergman... Ele se dirigiu à sua cadeira e
deu instruções para a primeira parte dos testes”.
As
duas primeiras partes consistiam em pequenas cenas no estúdio. Na
terceira parte, o teste foi conduzido pelo próprio Hitchcock. Eva Wilma
continua o relato: “Sentei-me confortavelmente numa cadeira – o mestre
na minha frente, em outra cadeira. Uma câmera (estava) colada a ele,
focalizando-me em close. Ele gritou ‘Câmera’, ‘Ação’ e começou a dialogar comigo; primeiro com perguntas corriqueiras, do tipo está-se-sentindo-melhor-agora? Fui respondendo com calma, mas, aos poucos, ele foi fazendo perguntas mais provocativas.
Fiquei
irritada e argumentei que não conseguiria responder, a toda e qualquer
provocação, numa língua que não é a minha. Ele então disse: ‘Pois
responda na sua língua’. E eu: ‘Se o senhor pensa que vai conseguir me
tirar do sério, me fazendo vir lá do terceiro mundo, de um país tão
conturbado, tão cheio de problemas, para me provocar; não, não e não’.
Enganara-se, redondamente (não me lembro exatamente das minhas palavras
em português – estava irritadíssima – naquele momento; mas sei que
respirei aliviada ao ouvir ‘Cut’). Ele me deu um abraço e aplausos irromperam antes da saída de Hitchcock do estúdio.
(...)
Somente três meses depois daquele teste, o agente nos comunicou que o
filme fora adiado, em virtude de uma forte gripe que o mestre Hitchcock
tivera, durante aquele inverno. E que, na retomada da filmagem, ele
havia escolhido uma atriz alemã (para o papel): Karin Dor. Se ela fez o
teste antes ou depois de mim, não sei. Fiquei frustrada. Eu gostaria de
ter sido escolhida. Topázio não foi um dos melhores filmes do Hitchcock. Como se isso servisse de consolo... Eu queria muito ter feito o filme”.
Eu sabia sim,e ela sempre disse que seu consolo por ter perdido a vaga pra uma cubana ,foi que o filme foi um fravasso.
ResponderExcluirdesculpa Bene ,mas ela perdeu a vaga para uma atriz alemã.
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