quinta-feira, 1 de março de 2012

MEMÓRIA. Totó em tempos de ditadura


Foi num março como esse que iniciei minha vida universitária na UFC. Passei para História, mudei para Direito. Freqüentei salas de Letras e de Economia, pagando cadeiras além do básico, até decidir por freqüentar o Curso de Comunicação, a par de um trabalho que já desenvolvíamos no rádio. Era tempo de ditadura braba.

Alunos de comunicação, lembro-me da enorme dificuldade para publicarmos qualquer coisa. Até o fanelógrafo era interditado ao nosso uso. E no intervalo das aulas, o Luiz Eduardo Solon inventou de criar uma sala de esportes para reunir a turma. E foi lá, onde o totó ocupava nosso tempo, desviando nossa atenção do importante exercício de escrever, criar um jornalzinho, imprimir qualquer texto dentro do circuito a fim de expor nossas ideias.

Nas salas de aula, circulava a informação da presença de agentes travestidos de alunos que, iam no dia que bem quisessem e não tinham problemaas com provas ou lista de chamada. Os companheiros alertavam uns aos outros sobre o papel de dedo-duro da maioria deles. E, confesso, encontrei alguns depois de formado trabalhando na Polícia, sem nunca demonstrar nenhum vínculo com a área de comunicação.

Lembrei-me de tudo isso, ao ver essa foto de um novo modelo de totó e lembrar do tempo em que não se podia praticar o jornalismo no interior dos cursos de Jornalismo; mas se podia jogar abertamente partidas de totó, com vistas ao quê - é que eu nunca pude compreender.

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