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Olá, Nonato, vi no Facebook sua postagem sobre 'Um dia na internet'. Já iniciara um texto sobre a solidão de nossos dias e daí saiu uma reflexão sobre o tema. Envio-lhe. Não sei qual dos e-mail vc realmente acessa, por isso cometi esta chatice de enviar para todos que possuo. Se possível, informe o melhor.
Meu abraço, Celina.
UM DIA NA
INTERNET
Celina Côrte
Pinheiro
Abriu o Facebook
e leu o registro: 1583 amigos. Tantos! “Onde estarão?” Na caixa de mensagens,
16549 arquivadas. Dessas, 7964... 7966... 7970 aguardavam leitura. Sem contar aquelas
deletadas sem abrir. Não dava conta de ler sequer a metade do que lhe enviavam.
Nunca recebera tanta correspondência em sua vida, nem nos períodos natalinos de
sua juventude, quando os cartões se amontoavam na caixa do correio. Também,
nunca sentira tanta solidão como agora! Aquela tarde de domingo lhe enregelava
os ossos, apesar da alta temperatura na cidade. Tantos endereços, tantos nomes
e muitos, já nem sabia de quem eram. Tantas pessoas e ninguém com quem
compartilhar tanta dor. Sua mente permanecia vazia. Bastaria uma voz amiga, uma
que fosse! Contudo, nada, nem ninguém. Uma estúpida e dolorosa solidão em meio
a tanta gente...
A ficção imita a vida. Recebi uma
avaliação feita pela MBAonline.com sobre a que corresponde um dia na internet. O
total de informações daria para preencher 168 milhões de DVDs. São enviados 294
bilhões de e-mails, 172 milhões de pessoas visitam o Facebook, postam-se dois
milhões de blogs, 250 milhões de fotografias vão para o Facebook, consomem-se 22
milhões de horas com filmes e shows antigos, 864 mil horas de vídeo são inseridas
no Youtube, cerca de 18,7 milhões de horas de música são transmitidas, surgem 1288
novos aplicativos para serem baixados, além dos 35 milhões utilizados
diariamente. O número de iPhones vendidos já ultrapassa o número de crianças
nascidas diariamente.
Não sobra quase tempo para
relacionamentos verdadeiros, francos e profundos. Se não tomarmos cuidado, seremos
cada dia mais solitários.
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