sexta-feira, 22 de julho de 2011

ANÚNCIOS. Os 'iluminados' dos postes




Um comentário:

  1. NONATO, BOM PARA REFLETIR EM TEMPOS MODERNOS.
    SINTO VERGONHA DE MIM - Poesia de Rui Barbosa


    Sinto vergonha de mim
    por ter sido educador de parte deste povo,
    por ter batalhado sempre pela justiça,
    por compactuar com a honestidade,
    por primar pela verdade
    e por ver este povo já chamado varonil
    enveredar pelo caminho da desonra.

    Sinto vergonha de mim
    por ter feito parte de uma era
    que lutou pela democracia,
    pela liberdade de ser
    e ter que entregar aos meus filhos,
    simples e abominavelmente,
    a derrota das virtudes pelos vícios,
    a ausência da sensatez
    no julgamento da verdade,
    a negligência com a família,
    célula-Mater da sociedade,
    a demasiada preocupação
    com o 'eu' feliz a qualquer custo,
    buscando a tal 'felicidade'
    em caminhos eivados de desrespeito
    para com o seu próximo.

    Tenho vergonha de mim
    pela passividade em ouvir,
    sem despejar meu verbo,
    a tantas desculpas ditadas
    pelo orgulho e vaidade,
    a tanta falta de humildade
    para reconhecer um erro cometido,
    a tantos 'floreios' para justificar
    actos criminosos,
    a tanta relutância
    em esquecer a antiga posição
    de sempre 'contestar',
    voltar atrás
    e mudar o futuro.

    Tenho vergonha de mim
    pois faço parte de um povo que não reconheço,
    enveredando por caminhos
    que não quero percorrer...

    Tenho vergonha da minha impotência,
    da minha falta de garra,
    das minhas desilusões
    e do meu cansaço.

    Não tenho para onde ir
    pois amo este meu chão,
    vibro ao ouvir o meu Hino

    e jamais usei a minha Bandeira
    para enxugar o meu suor
    ou enrolar o meu corpo
    na pecaminosa manifestação de nacionalidade.

    Ao lado da vergonha de mim,
    tenho tanta pena de ti,
    povo deste mundo!

    'De tanto ver triunfar as nulidades,
    de tanto ver prosperar a desonra,
    de tanto ver crescer a injustiça,
    de tanto ver agigantarem-se os poderes
    nas mãos dos maus,
    o homem chega a desanimar da virtude,
    A rir-se da honra,
    a ter vergonha de ser honesto'.

    Rui Barbosa

    PROFDJACYR

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