quarta-feira, 11 de maio de 2011

ROTEIRO DE VIAGEM. Estação, adeus

Da cidade antiga que me viu nascer, recordações muitas ainda se espalham por ela. É que o mal traçado das ruas não permitiu avanços da engenharia e o magnetismo de preservação da memória ainda é cultuada, mesmo que inconscientemente. No entanto, um antigo 'point' de encontro dessa gente mantém-se esquecido. Abandonado.

Falo da estação de trens de Acopiara, onde outrora vinham notícias do mundo lá de fora, via Expresso, Suburbano - os trens da antiga Rede Viação Cearense. Neles, a cidade se encontrava para ver a passagem do trem; receber O Povo, Unitário e Correio do Ceará; ver O Cruzeiro, quando não as moçoilas da cidade se aprontavam com roupas de domingo para flertar os que chegavam ou estavam de passagem.

Pois a estação que fora dirigida pelo Waldir Herbster, irmão do doutor Argeu Herbster de Maranguape, não mais existe. Tudo foi destruído. Ainda de pé, as paredes do edifício que movimentava a gare, por onde seu Justino, o carteiro da cidade, recebia os volumes de correspondência e a gente se encontrava para ver o trem passar.

O mato cresceu em torno. Há lixo e fezes por toda a extensão dos escombros do prédio de antigas lembranças - ponto de referência da cidade que tinha no trem, o mais importante meio de transporte para a capital. Há uma completa falta de respeito por parte dos administradores que poderiam ter aproveitado o espaço para cultuar a legítima memória de um povo que, reclama do descaso da estação, mas não dá maior importância. Afinal, nenhum trem passageiro corre mais por ali. O antigo 'Rabo da Gata' continua tão (ou mais) largado que a velha gare.

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