Foto Bobby Yip
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
CHUVAS. Uma pausa pelas vítimas das águas
Dias cinzas amadurecem nuvens, grávidas e líquidas que não se sustentam no ar. As águas traem março e se multiplicam em janeiro como a anunciar o dilúvio que nunca se deseja. As ruas da cidade, por onde um rio de carros escoa diariamente, transformam-se numa espécie de rally, criando obstáculos para quem apenas imaginava se dirigir à rotina diária.
Uma procissão de guarda-chuvas ganha as calçadas. Sob eles, pernas se apressam em busca de abrigo. Em ruas alagadas, pessoas se intranqüilizam. A paciência se evapora rápido. As benfazejas chuvas da temporada chegam a ser indesejadas.
No meio da multidão, alguém de máscara se protege. Como a anunciar o futuro próximo depois das cheias. As doenças advindas da quadra invernosa. Nas manchetes, as autoridades falam de epidemias de dengue. Na tv, um rato tenta salvar-se das enxurradas na comunidade da Zeza. A leptospirose é outra ameaça.
Pelo que se vê, o inverno que se aproxima semeiará muito além dos frutos que desejamos colher. Muito mais fruto da inépcia dos homens, do que do castigo dos céus.
Lindo texto. Embora de um alto requinte literário, tem um foco perfeito e uma clareza absoluta. Parabéns Notato!, só você pra fazar tão lindo de mementos assim.
ResponderExcluirSempre com muita razão; imprevidência e egoísmo são doenças sociais. A primeira se vê claramenet como filha do descompromisso de pessoas não servem-se de cargos que deveriam ser para servir os outros. Já o segundo é pai da injustiça e do descompromisso social.
Mas, vamos melhorar. Não sejamos saudosistas, pq no passado está a escravidão e privilégiso ainda maiores.
Inês Prata