quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Matéria leva poeta a criar texto sobre drogas


Quando se diz que há luz nas sombras- só é preciso acendê-la -, imagina-se que seja apenas figura de retórica; mas não. Do abismo é possível se visualizar as estrelas. Como faz o poeta João Gomes da Silveira, que depois de ver o drama de uma criança de 9 anos, com 'mais de 100' entradas no Juizado da Infância por conta de roubos e assaltos para comprar drogas, desentranhou esse texto que ele próprio nos enviou.
VI NA TELEVISÃO*

Menino de nove anos
já no ‘crack’ viciado.
Pode lhes ser surreal,
mas foi um caso real.
– Eu vi na televisão.

Na voz do próprio guri
pela polícia colhido,
mais de cem vezes no vício,
roubando e no precipício.
– Eu vi na televisão.

De pai morto, mãe na vida,
menino de nove anos
há dois anos já drogado;
caso muito inusitado.
– Eu vi na televisão.

No chão sentado o menino,
por trás das grades da lei.
Ah, guri sem horizontes,
isto me doeu, aos montes.
– Eu vi na televisão.

A queimar degraus da vida,
ele já nem teve infância,
mas precisa de clemência
para ir à adolescência.
– Eu vi na televisão.

Menino de nove anos,
Deus o bote em reto rumo:
que tome limpo caminho,
inda tão pequenininho.
– Eu vi na televisão.

Mais de cem vezes no vício,
miséria da vida humana...
O infante se contamina
por mãos da droga assassina.
– Dói-me, ainda, na visão.

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