domingo, 17 de maio de 2009

Controvérsia na web: Coca-Cola zero faz mal?




Deu no Contas Abertas: "Circula na internet um e-mail intitulado “Coca-Cola Zero proibida nos Estados Unidos”, que trata dos riscos de um determinado ingrediente do refrigerante, o ciclamato de sódio. Para especialistas, o assunto é controverso. Para a empresa, o produto está adequado à legislação. Estratégia de marketing da concorrência ou não, as informações apresentadas detalhadamente pelo suposto autor, um médico argentino chamado Edgardo Derman, tem semeado dúvidas ao maior interessado pelo líquido gasoso: o consumidor.

O texto é considerado por muitos, inclusive pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) do Brasil, um spam – termo atribuído a mensagens não solicitadas, em geral indesejadas, e que são enviadas para um grande número de pessoas ao mesmo tempo. A polêmica tem origem no questionamento feito pelo autor da mensagem sobre a proibição da Coca-Cola Zero nos Estados Unidos, por conter um ingrediente nocivo à saúde.

De fato, segundo a Food and Drug Administration (FDA), órgão de controle de drogas e alimentos nos EUA, os ciclamatos foram banidos há 40 anos da lista de aditivos alimentares permitidos. A decisão foi imposta após a verificação de resultados em estudos experimentais com ratos, que apontavam a mistura do ciclamato e a sacarina (muito comum em adoçantes de mesa comercializados no Brasil) como indutores de câncer.

Em 1982, O Comitê de Assessoramento sobre Câncer do FDA revisou as evidências científicas e concluiu que o ciclamato não era potencialmente carcinogênico. Isso foi reafirmado anos depois pela Academia Nacional de Ciência dos Estados Unidos com a conclusão de que “o peso das evidências experimentais e epidemiológicas não indicavam que o ciclamato, por si, só fosse carcinogênico”. Novos estudos foram realizados na década de 90, desta vez com macacos, os quais reafirmaram a improvável origem de câncer a partir da substância. No entanto, especialistas do Instituto Nacional de Saúde Ambiental e Ciência, também
dos Estados Unidos, rejeitaram as conclusões desta nova pesquisa. “A incidência de câncer em macacos é considerável e deve ser encarada como um sério risco rumo à possibilidade cancerígena do ciclamato”, dizem os especialistas James Huff e Lorenzo Tomatis, em artigo publicado no periódico Toxicological Sciences em 2000.

A principal referência para o uso de aditivos em alimentos no Brasil e demais países que utilizam o ingrediente, segundo a Anvisa, foi estabelecida pelo Joint FAO/WHO Expert Committee on Food Additives (JECFA), comitê científico vinculado à Organização para Alimentos e Agricultura das Nações Unidas e à Organização Mundial da Saúde (OMS). Em 1997, o JECFA concluiu que o ciclamato pode ser utilizado de forma segura, dentro de um limite máximo de 11mg por quilo de peso corpóreo, ao dia. Significa dizer que uma pessoa de 50 kg pode ingerir 550 mg de ciclamato diariamente, por toda a vida, sem riscos significativos à saúde.

Além disso, o ciclamato consta na lista Harmonizada de Aditivos Mercosul, segundo a Anvisa. Esta lista é utilizada como referência pelo Brasil e demais países membros do bloco econômico para aprovação de uso de aditivos. Somente aditivos constantes nessa lista podem ser autorizados para uso em alimentos no Brasil. Enrique Pérez, representante da Organização Pan-Americana de Saúde, vinculada à OMS, admite a controvérsia do assunto e afirma que atualmente há uma petição junto à JEFCA para reavaliar o nível aceitável de ingestão diária do ciclamato.

As referências internacionais, declara a Anvisa, garantem a segurança de uso do ciclamato de sódio em alimentos, desde que respeitados o limite diário de 40mg de ciclamato de sódio para cada 100g/ml de alimento. Atualmente, cada 100ml de Coca-Cola Zero, por exemplo, tem 24 mg de ciclamato de sódio. Tomado como base de cálculo o limite imposto pelo JECFA (11mg), uma pessoa de 50 kg poderia beber 2,291 litros diariamente, sem comprometer sua saúde. Quanto maior o peso, maior é o limite permitido para ingestão da Coca-Cola Zero."


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