Dá licença para eu fazer um agradecimento

Tenho andado numa maré tão boa que tenho certeza de que a Vida me dá muito (mas, muito) mais do que mereço. Ontem, por exemplo, a Maísa Vasconcelos foi porta-voz da homenagem da Jang, pela minha indicação ao Prêmio Betinho - Atitude Cidadã - pelo nosso aprendizado junto aos 'irmãos de caminho'.

Gente, desde a produção do programa, passando pelo telejornalismo, pegando o pessoal da técnica e envolvendo a turma do estúdio - esse pessoal, me pregou uma (boa) peça que não tem preço que lhes pague.

O "Na Boca do Povo" me pegou de cheio; surpreso e comovido, só tive o coração na boca para expressar toda a gentileza e a bondade que corações ainda mais enternecidos se dispuseram a falar do Nonato.

Estou ciente de que Deus é generoso demais comigo; me credita gestos e atitudes que me deixam com o velho coração aos pandarecos - e olha que ele já se utiliza de uma bombinha (stent) para continuar sacolejando no meu peito. Ontem, uma vez mais, ele bateu além da conta. Ferveu minha cabeça em giro duplo. Estancou meus pés em nó de marinheiro. E eu fiquei com cara de menino medroso, certo de não ter cumprido nem um terço de tudo que os amigos e colegas falaram de mim.

Na hora em que eu ouvia as palavras bondosas dos amigos e familiares, nos depoimentos gravados sem que eu nada soubesse de antemão, só me lembrei da figura amiga de Corina. Uma preta velha, cega, abandonada, sozinha lá naquele canto do quarto de mulheres do Lar Torres de Melo, que há há cerca de 20 anos, me disse que um dia viria para agradecer eu lhe ter dado atenção nas visitas que eu fiz aos seus últimos dias de vida terrena. Corina, você a exemplo dos amigos do lado de cá, são tão gentís que só peço a Deus seja generoso a metade do que vocês me são.

Obrigado Maísa, Chagas, doutor Nilo Sérgio... e dezenas de pessoas bondosas com quem cumpro experiência de crescimento na Terra.